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Coração Caipira

Olá leitor!

Ja faz um tempo que não me comunico, não é? Muitos afazeres! Alguns serão trazidos aqui, em breve.

Hoje, diferente dos posts costumeiros, vou mostrar um lado pouco manifesto e pouco explorado, que espero que você goste.

VioleiroUma pessoa muito querida sempre me chama, carinhosamente, de caipira. É verdade, sou do interior!

Há algum tempo tive a inspiração para escrever este poema, que, embora minha cidade natal não seja exatamente o vilarejo que se vislumbra no poema, ainda assim carrega um “não sei que” de interior na atitude das pessoas, muito diferente da capital.

Vinicius de Moraes e Tom Jobim, na música Carta ao Tom 74, falam do “cimento armado” que rouba a visão do Redentor.

Acredito que o sentimento seja parecido, porém mais focalizado na atitude do respeito / desrespeito ao próximo.

Deixo então com você, leitor amigo, meu CORAÇÃO CAIPIRA:

Sou caipira, lá do interior.
Vim da terra, vim do mato, vim das bandas de lá
E de lá de onde eu vim, os verdadeiros valores
A vida é que tem o poder de ensinar

No interior, onde eu cresci
A gente aprende a escutar
A modinha da mata, o lamento do riacho
E a sinfonia do luar

Vim do mato onde há beleza
Que é inspiradora por todo lugar
Onde ouvindo a natureza
Eu aprendi a cantar

Pelas estradas da minha terra
Passa todo tipo de gente
Que apesar de diferente
Desde pequeno aprendi a respeitar

Moça pura, mendigo sujo, roceiro,
Padre santo, mulher da vida, doutor da cidade,
Pai de família, viado ou putanheiro
Todos iguais, filhos do mesmo Pai: Isso é diversidade

Então, mudei pra capital
Porque quis estudar
Vi prédio alto e coisa e tal
Cimento e concreto a se perder no olhar

Não tem mato, não tem terra
Tudo é cinza e sem cor.
O som que a cidade ensina
É um triste gemido de dor.

Respeito e solidariedade
No asfalto, nas calçadas, à luz da lua
São valores esquecidos.
Pois a agressão impera pelas avenidas e ruas.

Para o homem da cidade
Diversidade é algo a exterminar
Ninguém pode ser diferente
Todos tem que se enquadrar

Assim o homem “civilizado”
Vive dor, desespero e agressão.
Isso, no lugar da fraternidade
É o que brota na multidão.

Não ouço mais os pássaros
Nem os rios, não há noites de luar
Nem mais a mata com a brisa a farfalhar
Há um silêncio mórbido e sorrateiro no meio das sirenes a ecoar

Foi assim que o coração deste caipira
Encolhido e entristecido
Com a dureza dessa gente da cidade
Que não respeita a natureza e nem a diversidade
terminou o seu cantar.

Ralmer Nochimówski Rigoletto